Que o homem é a mais nobre das criaturas, pode inferir-se de nenhuma outra ter contestado tal afirmação.
O indescritível
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Todas as noites contigo sobre a terra; todas as noites a radiante presença do sentir – o beijo, o entrelaçar. Com o branco furto da madrugada, o arrebatamento de um amanhecer; a forma adocicada, indescritível.
Não se estancou a sede, no mesmo caos de agora, mas a língua rebenta, as vértebras estalam por uma nova língua, por um cavalo que una a terra à tua boca, e a tua boca à água.
Aquele que diga a primeira palavra deixará cair o primeiro vaso, aquele que golpeie o seu assombro com violência verá aparecer o fogo nos seus cabelos, aquele que ria em voz alta será o primeiro a guardar silêncio, aquele que desperte antes de tempo surpreenderá o seu corpo entre as árvores; e o mar, como algo interrompido, volta a ouvir-se ao longe e na sua respiração escutamos outra vez o ruído daquela porta que bate empurrada pelo vento.
Chega a hora maravilhosa, quando a natureza desperta do sonho e um novo mundo quebra a face terrestre. As estrelas empalidecem no céu sombrio e sobre as montanhas rastejam as névoas de um mundo em vigília. Pássaros inquietos nas copas das árvores estremecem as suas asas. O amanhecer chega rápido. Dispersam-se agora as névoas da face montanhosa e morrem em azul celeste; passa a madrugada, apresenta-se aqui o dia.
Comentários
depois que o estio se volveu Inverno
da carne repousando em suor nocturno.
Conheço o sal do leite que bebemos
quando das bocas se estreitavam lábios
e o coração no sexo palpitava.
Conheço o sal que resta em minhas mãos
como nas praias o perfume fica
quando a maré desceu e se retrai.
Conheço o sal da tua boca, o sal
da tua língua, o sal de teus mamilos,
e o da cintura se encurvando de ancas.
A todo o sal conheço que é só teu,
ou é de mim em ti, ou é de ti em mim,
um cristalino pó de amantes enlaçados.
[Jorge de Sena]
De Ti, Por Ti, e Para Ti.
Toda,
mas a língua rebenta, as vértebras estalam
por uma nova língua, por um cavalo que una
a terra à tua boca, e a tua boca à água.
[A.Ramos Rosa]
E tu, toda.
E eu, teu.