Em campo
Pelo campo seguimos, eu falava para mim mesmo - 'Que beijos estes? Dois amantes que se espreitam, e o tempo que os deita lado-a-lado sobre a terra.'
Sob esta árvore não há outro amar comigo, cobrem-nos folhas prateadas com som de chuva, e eu nada soletro na sua agitação; talvez agora estejam a falar com ela. Falam sobre um tempo entre mãos, sobre o nosso tempo.
Comentários
O sabor do pão e da terra
e uma luva de orvalho na mão ligeira.
A flor fresca que respira é branca.
E corto o ar como um pão enquanto caminho entre searas.
Pertenço em cada movimento a esta terra.
O meu suor tem o gosto das ervas e das pedras.
Sorvo o silêncio visível entre as árvores.
É aqui e agora o dilatado abraço das raízes claras do sono.
Sob as pálpebras transparentes deste dia
o ar é o suspiro dos próprios lábios.
Amar aqui é amar no mar,
mas com a resistência das paredes da terra
[A.R.Rosa]
Assim, tudo.
Tua,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
[E.A.]
E tudo assim.
Teu,