Azul
Vestida de azul, vestido de algodão, sentas-te à beira do sofá enquanto eu me sento no chão, de frente para ti. Faço os teus pés deslizar, afastando-se um do outro uns poucos centimetros, e com o meu indicador direito sigo as veias azul-pulsante do teu pé direito.
O meu dedo atravessa do teu tornozelo para o tendão de Aquiles e inicia a sua viagem ascendente em torno do joelho até ao interior da coxa, pendes sobre mim, de unhas iminentes.
Comentários
a luz se faz dentro dos olhos.
O amor une os corpos.
Em silêncio vão-se enchendo um ao outro.
Qualquer dia acordam sobre braços;
pensam então que sabem tudo.
Vêem-se nus e sabem tudo.
[J.Sabines]
Assim mesmo, contigo.
Tudo e ainda mais,
chama-me com tua voz.
Irá parecer-me que entra
a tremer a luz do sol.
[Juan Ramón Jiménez]
Sempre contigo,