Degrau



Cada minuto é um curto degrau e cada hora um passo em direcção a ti. Esta verdade, e a vitória conseguida perante mim, a prioridade da vida. O meu pulsar, como um tambor suave, acompanha a minha chegada; vou finalmente sentar-me ao teu lado.

Comentários

Maria disse…
Eu cantei este amor sem que soubesses.
Falei de ti com as palavras mais limpas,
viajei (sem que soubesses) no teu interior.
Fiz-me degrau para pisares, mesa para comeres,
tropeçavas em mim e eu era uma sombra
ali posta para não reparares em mim.

Andei pelas praças anunciando o teu nome,
chamei-te barco, flor, incêndio, madrugada.
Em tudo o mais usei de parcimónia
a que me forçava aquele ardor exclusivo.

Hoje os versos são para entenderes.
Reparto contigo um óleo inesgotável
que trouxe escondido aceso na minha lâmpada
brilhando (sem que soubesses) por tudo o que fazias.


[Fernando Assis Pacheco]

e agora,

vivo agora um sentir de vinte anos que se tornou o meu futuro,

a minha felicidade, o meu mais desejado presente.

[F.M.]

Assim mesmo.
Tudo, muito.
Unknown disse…
Com lento amor olhava os dispersos
Tons da tarde. A ela comprazia
Perder-se na complexa melodia
Ou na curiosa vida dos versos.
Não o rubro elemental mas os cinzentos
Fiaram seu destino delicado,
Feito a discriminar e exercitado
Na vacilação e nos matizes.
Sem se atrever a andar neste perplexo
Labirinto, olhava lá de fora
As formas, o tumulto e a carreira,
Como aquela outra dama do espelho.
Deuses que habitam para lá do rogo
Abandonaram-na a esse tigre, o Fogo.

[J.L.Borges]

Assim mesmo, entregues a este fogo.
Tudo, imenso.

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