Ser dois



Ser um insecto quieto sobre uma flor, a felicidade de uma hora. Ser uma nuvem, a soprar tons de anil, sombreando montanhas, apressando-se ruidosamente em vales profundos onde as correntes guardam trovões pungentes e arcadas de névoa. Ser uma onda fragmentando-se na areia e abandonando lentamente a terra. Contar histórias de grutas de coral meio escondidas.

Cedo morrem as flores; os insectos vivem um dia; as nuvens dissolvem-se em chuva; apenas as ondas permanecem neste não permanecer.

Comentários

Maria disse…
"É um homem com uma face virada para o
fim das ondas, um homem com uma dança
dentro dos olhos. Está a ser pintado por uma
mão antiga e, atrás dele, uma mulher deita-se
em cima do vidro enquanto os pássaros e as
formigas esperam, encostados a uma trepadeira.
Um sopro aproxima-se, uma coisa a arder no
barro. É o vaso com pólenes trazido pelo
pedreiro. Coloca-o à sua frente como se estivesse
sentado num eucalipto e vislumbrasse uma
jovem rapariga a acender um forno para secar
o seu próprio cabelo."

Jaime Rocha.

E assim, para sempre.
Beijo-te,
Unknown disse…
"sigo os meus olhos
na busca de cada movimento, ou arquejo do peito
sigo o ouvido
atenta ao sussurro e ao suspiro"
[angela santos]

sigo-te,

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