A propósito de liberdade


A possibilidade de mudança tão distante, a raiva tão perto, a lutar para ser liberto. As vozes tão altas, deixam-me os sentidos a esgravatar por um silêncio solitário; ainda mais só do que as vozes altas. Gritos de ódio dentro de um enorme círculo, aprisionado por arame farpado.

A liberdade é quase impossível. Está por detrás da cela, da vedação electrificada e das vozes. Uma liberdade deserta, um campo que se move, ainda mais longe, provocando-me a coragem, tirando-me o medo que se aloja aqui. Não vejo porque o tenho que remover, apenas para o substituir por outro diferente. E no entanto, o campo é tão tentador. Seria louco se ficasse aqui.

Preciso de calma, preciso desses olhos que penetram este muro de impossibilidades.

Tudo aquilo que eu não sou, tudo aquilo que nunca vi, empurro-me firmemente contra a restrição farpada; o sangue flui destas feridas abertas, morrer para ser libertado. A dor não é nada, penso para mim mesmo, enquanto vejo o meu sangue espalhar-se no chão. O campo – tudo o que preciso.

Comentários

Maria disse…
expandi os limites da fala isto é
os limites da liberdade

Zbigniew Herbert

Beijo-te,
Unknown disse…
Esta forma lenta de amar, mais que esperada, recebo-a como um amanhecer. Caí, beijando-te, contagiado bani o meu naufrágio e deixei-me arrastar pela velocidade do mundo.

Beijo-te,

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