A prova



Eu retirei-me para a floresta, e as minhas palavras foram engolidas pelas folhas; e um dia chegas tu aos seus limites (era isto por que esperava), permaneceste ali contemplativa mas não entráste, apesar de ser forte o desejo: abanaste a cabeça como quem diz “não me atrevo”.

Eu espreitava-te atrás de ramos baixos, desfiz a angústia de não te chamar e disser-te “estou aqui”. Estou perto, acordei com a floresta e tu aqui és a prova.

Comentários

Maria disse…
«Eu nunca pretendi a escrita nem o mundo a admirar-me. Se aqui a pretendo é para que venhas. Por isso escrevo agora. O meu fascínio e necessidade de sonho estão apenas na paixão...

O medo da solidão e da morte são a própria essência do deserto. O medo de nos perdermos. O medo de todas as verdades. O medo de sermos engolidos.

Só quando o medo de estar a sós com o mais fundo de ti mesmo desaparece, só quando tocas esse fundo do deserto, só então sentes o valor de querer viver, sabes que a paixão é motor da vida e prova do medo. Como o deserto. Como tu tens sido para mim. E agora sei deste lugar que amarmos acima do medo nos faz parecer insconcientemente leves. O medo é bom para nos lembrar que é preciso um chão para segurar a paixão.»

[Carlos Quiroga in, Espero por ti na Abissínia]

Tu és a prova.
Tudo, apaixonadamente.
Contigo,
Unknown disse…
E há palavras e nocturnas palavras gemidos
Palavras que nos sobem ilegíveis À boca
Palavras diamantes palavras nunca escritas
Palavras impossíveis de escrever
Por não termos connosco cordas de violinos
Nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar
E os braços dos amantes escrevem muito alto
Muito além da azul onde oxidados morrem
Palavras maternais só sombra só soluço
Só espasmos só amor só solidão desfeita

[Mário Cesariny]

Apaixonadamente tudo, contigo.

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