Identidade
Algo te identifica com o que se aloja em ti, a faculdade de voltar: e aí, o teu mais grande pesar. Algo te separa do que fica contigo, a escravidão de não partir. Dirijo-me às individualidades colectivas, tanto como às colectividades individuais e aos que, entre umas e outras, marcam o passo imóvel no rebordo do mundo. Algo tipicamente neutro, inexoravelmente neutro, interpõem-se entre o ladrão e a sua vítima, entre cirurgião e paciente. O objecto furtado tem um peso indiferente, e o órgão operado a sua gordura triste. Haverá algo de mais desesperante na terra, do que a impossibilidade do homem?