Durante os últimos cinco anos a minha vida não tem seguido um rumo fixo. Indo de nada a nada, sem dono nem destino, sem refugio nem bússola. À deriva. Empenhado na inútil fuga de mim mesmo, em busca de um lugar onde cair vivo. Bebendo cubalibres e fumando charros e enchendo copos e beijando lábios e lendo livros e escrevendo textos, em geral bastante maus, há que reconhecê-lo. Digamos que queria ser Burroughs. Experimentei quase todas as drogas disponíveis. Uma vida em perpetuo movimento, a travessia contínua da cidade, saídas a horas intempestivas, encontros em lugares inesperados, perseguições, enganos, traições, vinganças, caras novas, gente nova, camelos, caramelos, charros, idas e voltas, nenhum lugar seguro, nenhum dia igual ao outro.